segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coetus Internationalis Fidelium

Congresso Anual


Local: Fazenda Sant' Ana do Turvo, distrito de Amparo, próximo à Volta Redonda, RJ.

Tema: A crise na Igreja e o momento atual.

Dias: 08, 09, 10 e 11 de Dezembro


Conferencistas:

Revmo. Mons. Mark Pivarunas(USA) ;
Sr. Araí Daniele (Portugal);
Dr. Homero Johas (Brasil);

Organização das reuniões de dezembro.

Estamos organizando o encontro de dezembro, por isso colocamos aqui algumas coisas que serão necessárias para a ocasião. Todavia, ao perceberem que faltou alguma coisa, nos comuniquem. Necessitamos urgentemente que haja confirmação de presença por e-mail até o dia 30 de novembro.

Em breve estaremos disponibilizando as fotos dos pontos de ônibus e táxi (locais principais) e da Fazenda para fornecer maior segurança para os que vierem ,ou seja, para que não se percam.


Ø Ver o horário exato da saída do Sr. Bispo da Argentina e chegada ao Brasil.

Ø Ver a questão do jejum eucarístico.

Ø Ligar para a VAB para perguntar os horários dos ônibus.

Ø Providenciar café da tarde no dia 8.

Ø Iniciar as atividades do dia 9 um pouco mais tarde que nos outros dias.

Ø Alugar um carro para trazer as pessoas do Rio.

Ø Dividir os horários de orações, missas e conferências.

Ø Providenciar o sineiro, acólito* e turiferário.

Ø Ver a questão das hóstias e do vinho.

Ø Realizar a cerimônia de crisma no dia 8.

Ø Providenciar: galhetas, lavabo, patena de comunhão, toalha do altar (ver que tipo de tecido), toalha da credencia, flores do altar, tipo e quantidade de velas para o altar e para a procissão, sineta (campainha da Santa Missa), Missal, (ver se o bispo trará corporal e sanguíneo, etc.), algodão para a cerimônia de crisma.

Ø Solicitar a benção do Sr. Bispo para os objetos sacros.

Ø Aluguel do transporte do altar.

Ø Providenciar:

1. Um tapete para o altar (se possível vermelho);
2. Dois genuflexórios para a comunhão e um para o bispo;
3. Um trono para o Bispo;
4. Véu para as mulheres;
5. Sacras do altar;

Ø Orientar as pessoas sobre a forma de beijar o anel do Sr. Bispo e sobre os trajes dignos dos sacramentos;

Ø Organizar um pequeno grupo para cantar durante as missas;

Ø Não esquecer de filmar e fotografar as cerimônias e conferências;

Ø Providenciar roupas de cama e banho para o Bispo e padres: toalhas de rosto e de banho, sabonetes, pastas, escovas, almofadas, lençóis, cobertores, etc.

Ø Ver que tipo de alimentação deverá ser servido (ver se há alguém com problemas de alergia, diabetes, etc.)

Ø Organizar a procissão da Virgem Santíssima;

Ø Providenciar uma lembrança para o Sr. Bispo e padres;

Ø Providenciar santas imagens para espalhar pela casa e árvore de natal com um pequeno presépio;

Ø Verificar o horário da partida do Bispo e padres no dia 11.


"O pastor Eterno e Bispo das nossas almas (cf 1 Pd 2, 25), para perpetuar a obra salutar da Redenção, decidiu constituir a Santa Igreja, onde, como na casa do Deus vivo, todos os fiéis estivessem unidos pelo vínculo da mesma Fé e da Caridade." [cf. Constituição Pastor Aeternus, FC 7.002]


Interessados, entrem em contato deixando aqui mensagens!

domingo, 21 de setembro de 2008

QUANDO OS LEIGOS SUSTENTAM A IGREJA

Por Cardeal Newman


(Trecho de artigo publicado em The Rambler, julho de 1859, citado por Hugues Keraly, Présence d’Arius, Paris, D. M. M., 1981)


É bastante notável que, embora falando historicamente o século IV seja a época dos doutores, aquele que foi iluminado por santos como Atanásio, Hilário, os dois Gregórios, Basílio, Crisóstomo, Ambrósio, Jerônimo e Agostinho (tendo sido bispos todos esses santos, com uma única exceção), contudo, nessa mesma época, tenham sido os leigos que mantiveram a tradição divina confiada à Igreja.


Efetivamente, isso exige alguma explicação: dizendo isso, não nego evidentemente que, em sua expressiva maioria, os bispos tenham sido ortodoxos, no mais íntimo de sua fé; tampouco nego que tenha havido membros do clero para assistir os leigos e servir-lhes de guia e fonte de inspiração; nem desconheço que os leigos tenham recebido certamente a fé, em primeira mão, dos bispos e do clero; não nego que haja entre os leigos alguns ignorantes e que outros se tenham corrompido por pregadores arianos, os quais conseguiram apoderar-se das sedes episcopais e ordenar sacerdotes heréticos. No entanto, persisto em dizer que, nessa época de imensa confusão, o dogma divinamente revelado da divindade de Nosso Senhor foi proclamado, afirmado e mantido e, falando humanamente, preservado muito mais pela Ecclesia docta do que pela Ecclesia docens; que o corpo dos bispos foi infiel à sua missão, ao passo que os leigos permaneceram fiéis ao seu batismo; que ora o Papa, ora uma sede patriarcal, metropolitana ou outras sedes importantes, ora concílios gerais disseram o que jamais deveriam ter dito, ou realizaram atos que obscureceram ou puseram em perigo a verdade revelada. Entrementes, foi o povo cristão que, sob a orientação da Providência, constituiu a força cristã de Atanásio, de Eusébio, de Verceil e de outros confessores solitários da fé, que sem esse povo não teriam resistido [...]. Digo que houve suspensão temporária das funções da Ecclesia docens. O conjunto dos bispos foi infiel ao dever de confessar sua fé.


Vejo, pois, na história do arianismo, um rematado exemplo de situação da Igreja durante a qual, se quisermos discernir onde está a Tradição Apostólica, é aos fiéis que devemos recorrer.


Leão XIII – Sapientiae Christianae, 10 de Janeiro de 1890.

(Excertos)

21.Nesse enorme e geral delírio de opiniões que vai grassando, o cuidado de proteger a verdade e extirpar o erro dos entendimentos é missão da Igreja e missão de todo o tempo e de todo o empenho, como que à sua tutela foram confiadas a honra de Deus e a salvação dos homens. Mas quando a necessidade é tanta, já não são somente os prelados que hão de velar pela integridade da Fé, uma vez que: “cada um tem obrigação de propalar a todos a sua fé, seja para instruir e animar os outros fiéis, seja para reprimir a audácia dos que não são”(Summa II II, q3, a2, ad 2).

23.A primeira aplicação desse dever é professar, clara e constantemente a Doutrina Católica e propagá-la o mais que puder. Com efeito, como já se disse muitas vezes e com muita verdade: o que mais prejudica a Doutrina de Cristo é não ser conhecida. Ela só, bem compreendida, basta para triunfar do erro, nem há ai alma simples e livre de preconceitos que a razão não mova a abraçá-la. Ora a Fé , ainda que como virtude é um dom precioso da Divina Graça e Bondade; todavia, quanto ao objeto sobre que versa, não pode por via ordinária ser conhecida senão pela pregação: “Como crerão naquele que não ouviram? E como ouvirão sem pregador? ... a fé é pelo ouvido, e o ouvido pela palavra de Cristo” (Rm 10, 14-17). Por conseguinte, sendo necessária a fé para a salvação, segue-se que é inteiramente indispensável a pregação da palavra de Cristo. É certo que esse encargo de pregar ou de ensinar pertence por direito divino aos doutores, isto é, aos bispos que o Espírito Santo constituiu para governar a Igreja de Deus (At 20, 28) e de um modo especial ao pontífice romano, vigário de Cristo, preposto com poder supremo à Igreja Universal como mestre de quanto se há de crer e praticar. Mas não pense ninguém que ficou por isso proibido aos particulares cooperar com alguma diligencia nesse ministério, principalmente aos homens a quem Deus concedeu dotes de inteligência juntos com o desejo de serem úteis ao próximo. Esses, em caso de necessidade, podem muito bem, não já afetar a missão de doutores, mas comunicar aos outros o que eles mesmos aprenderam, e ser em certo modo o eco dos mestres. Até mesmo essa cooperação dos particulares pareceu aos Padres do Concilio Vaticano I tão oportuna e frutuosa, que não hesitaram em reclama-la nos termos seguintes: “A todos os fiéis cristãos, principalmente àqueles que tem superioridade e obrigação de ensino, suplicamos pelas entranhas de Jesus Cristo, e em virtude da autoridade deste mesmo Senhor e Salvador nosso lhes ordenamos, que apliquem todo o seu zelo e trabalho em desviar esses erros e elimina-los da luta da Igreja, e difundir a luz puríssima da nossa Fé” (Const. Dei Fillius ad fin).

25. Desse modo nos deveres que nos ligam a Deus e com a Igreja está em primeiro lugar o zelo com que cada qual deve trabalhar segundo as suas forças em propagar a Doutrina Cristã e refutar os erros.

sábado, 6 de setembro de 2008

Quem é Joseph Ratzinger? Que podemos esperar dele?


Perguntas e Respostas

Por Mons. Donald J. Sanborn



1- Quem é Joseph Ratzinger?


Nasceu em 1927 na Baviera, e foi ordenado sacerdote em 1952. Durante o Vaticano II, foi o teólogo pessoal do Cardeal Frings. Mais tarde ensinou em Tübingen, a universidade ultra-esquerdista do sul da Alemanha. Paulo VI o fez Arcebispo de Munich em 1970. João Paulo II o colocou a frente da Congregação para a Doutrina da Fé, posto em que permaneceu até tornar-se Bento XVI.



2- De que lado estava no Concílio?


Ratzinger era a mão direita do já mais velho Karl Rahner, que junto com Hans Kung, se uniram para controlar o Concílio. O fizeram mediante a união dos que se chamaram Coalizão Européia, um grupo muito bem organizado de Bispos do norte da Europa que tomaram conta do Concílio. Ratzinger, por tanto, junto com Rahner e Kung, representava a ala da extrema esquerda do Concílio (os progressistas).



3- Então, é apropriado dizer que Ratzinger é conservador?


Não. Do ponto de vista da Fé Católica, Ratzinger nem se quer é católico. É um herege público igual a Wojtyla. Pode ser tido por conservador na medida em que não está a favor do sacerdócio feminino, a contracepção, o aborto, a homosexualidade, etc. Também disse alguma coisa em favor da liturgia tradicional. Mas comparando-o com Papas católicos, tais como Pio IX, Leão XII, São Pio X, Bento XV, Pio XI ou Pio XII, nem sequer pode ser tido por católico.



4- Por que você disse que Ratzinger nem mesmo é católico?


Porque ele é um maníaco ecumênico, mais ecumênico, penso eu, que Wojtyla, se isso é possível. O ecumenismo é contrário a nossa santa Fé. Foi condenado claramente pelo papa Pio XI em 1928, como o equivalente do ‘’abandono da religião revelada por Deus.’’ O ecumenismo é a alma e o coração do Vaticano II. Todos as mudanças litúrgicas, doutrinais e disciplinares do Vaticano II se fizeram em nome do ecumenismo. Em seu primeiro discurso, Ratzinger asegurou aos cardeais que ele vai continuar com as reformas do Vaticano II e com a tentativa de acercar as outras religiões pela via do ecumenismo. Devemos entender que o ecumenismo é o principal problema. O Ecumenismo e o Catolicismo não podem ir juntos, se unir. Se Ratzinger é ecumênico – e ele o é – então não serve para nada (Mt 5,13) e não é papa.


Ratzinger condena o Espírito do Concílio? Angelus, 30 de outubro de 2005:[...] exorto-vos a rezar juntamente comigo à Virgem Maria, para que ajude todos os crentes em Cristo a manter sempre vivo o espírito do Concílio Vaticano II.


55- Qual pensa que será seu programa?


Creio que vai dar um impulso vigoroso ao programa ecumênico. Seu ‘’reinado’’ vai ser curto, e por esta razão penso que ele vai se mover rapidamente até o que ele chamou de ‘’reconciliação na diversidade’’, uma expressão que tomou de Cullman, um ministro protestante. Isto significa que vai se esforçar por juntar todas as religiões em alguma grande organização na qual cada uma guarde sua identidade. Irá começar com os cismáticos e protestantes. Não me vai surpreender que faça alguns audazes movimentos nesta direção. Durante a era Wojtyla, Ratzinger elaborou toda a teologia necessária para isto.



6- A qual teologia você se refere?


A ‘’Nova Eclesiologia’’.



7- O que é a nova eclesiologia?


É o ensinamento concernente a natureza da Igreja de Cristo. A eclesiologia tradicional é muito simples: a Igreja de Cristo é a Igreja Católica Apostólica Romana, que é o único meio de salvação no mundo. Qualquer religião fora da Igreja Católica Apostólica Romana, seja a Grega Ortodoxa, seja a Protestante, Judia, etc., apesar de qualquer verdade que possam possuir, ou ainda sacramentos válidos, são falsas religiões e não são meios de salvação.


Obviamente tal eclesiologia é incompatível com o ecumenismo. Não obstante, já desde 1930 os Modernistas elaborarão uma eclesiologia ecumenista segundo a qual se podem ver alguns valores nas religiões não Católicas. Esta nova eclesiologia se incorporou aos ensinamentos do Vaticano II, e é o veículo do ecumenismo.


O que é a nova eclesiologia? Eis aqui um resumo:

· A Igreja de Cristo e a Igreja Católica Apostólica Romana não são uma mesma coisa, já que as igrejas não Católicas pertencem a Igreja de Cristo, mas não a Igreja Católica.

· A Igreja de Cristo ‘’subsiste na’’ Igreja Católica Apostólica Romana, por quanto como Igreja Católica tem ela a ‘’plenitude’’ de todos os elementos da Igreja de Cristo.

· A Igreja de Cristo, apesar de não subsistir nas igrejas acatólicas por faltar-lhes a estas a ‘’plenitude’’, todavia se encontra de uma maneira imperfeita nessas igrejas não católicas.

· As igrejas acatólicas são, todavia, verdadeiras ‘’igrejas particulares’’ que formam, junto com a Igreja Católica Apostólica Romana a única Igreja de Cristo.

· A Igreja Católica Apostólica Romana está em ‘’comunhão parcial’’ com as igrejas acatólicas, na medida em que elas tem elementos da Igreja de Cristo, tais quais como os sacramentos válidos e doutrinas verdadeiras.

· As igrejas acatólicas são ‘’meios de salvação’’ na medida em que preservem elementos genuínos da Igreja de Cristo.

· Nessas igrejas acatólicas que têm uma Eucaristia válida (por exemplo a Ortodoxa Grega), a Igreja una, santa, católica e apostólica se faz presente cada vez que elas oferecem uma Eucaristia válida.

· As igrejas não Católicas que não estão sujeitas ao Romano Pontífice (que são todas elas) estão feridas por esta falta de sujeição. Contudo, apesar de seu repúdio a supremacia Romana, seguem sendo ‘’Igrejas particulares’’, isto é, igrejas-membro da grande Igreja de Cristo.


8- Que significa tudo isso?

Isto significa o abandono do ensinamento tradicional da Igreja Católica concernente a natureza da igreja de Cristo. Contradiz o ensinamento tradicional, e por tanto, dizemos que o Vaticano II é herético e que Ratzinger é herege por haver promulgado este ensinamento. Por esta razão digo que Ratzinger nem se quer é católico.



Homilia, 29 de junho de 2007: Caros irmãos e irmãs, na profissão de fé de Pedro, podemos sentir-nos e ser todos um só, não obstante as divisões que, ao longo dos séculos, dilaceraram a unidade da Igreja, com consequências que perduram até aos dias de hoje.


9- Que outra heresia Ratzinger abraça?

É evolucionista no concernente a verdade e a Igreja. Em um discurso dado em uma igreja protestante de Roma, em 1993, disse o seguinte: ‘’Consequentemente a meta, a alma de todo esforço ecumênico é alcançar a unidade real da Igreja que implica uma multidão de formas que ainda não podemos definir.’’ Em outra ocasião disse: ‘’por enquanto não me atrevo a sugerir nenhuma realização concreta possível e imaginável desta igreja futura.’’Agora, eu pergunto, o que é mais definido que a doutrina, culto e disciplina da Igreja Católica Romana? Você compreende o quão alarmante é ouvir ele falando tal coisa, que não tem idéia de como vai ser a Igreja no futuro, devido ao ecumenismo? Ratzinger é darwiniano evolucionista no que diz respeito a religião Católica.


10- Expressa Ratzinger esta idéia evolucionista em outro lugar?


Sim, em seu livro Muitas Religiões – Uma Aliança, (1998) Ratzinger faz algumas afirmações muito alarmantes:

· ‘’O que precisamos, de todas as formas, é respeito por todas as crenças de outros e disposição para olhar a verdade no que nos choca como estranho ou raro; tal verdade nos concerne e pode corrigir-nos e levar-nos adiante ao longo do caminho.’’ (p 110)

· ‘'Aprenderei melhor minha própria verdade se entendendo a outra pessoa e permitir a mim mesmo a ser movido ao longo do caminho para Deus que é sempre mais grande, seguro que eu nunca carreguei toda a verdade sobre Deus em minhas próprias mãos, mas serei sempre um aprendiz, em peregrinação até ela, um caminho que não tem fim.’’ (ibid.)


Agora eu pergunto, como alguém que tem a fé católica pode dizer coisas semelhantes? Não ensina a Igreja Católica toda a verdade em nome de Cristo? Ratzinger não tem a fé. Como pode estar a fé católica ‘’em um caminho que não tem fim’’? Como pode dizer um católico, ‘’nunca tive a verdade total sobre Deus em minhas próprias mãos?’’ Não é este evolucionismo dogmático em sua forma mais pura, tal como foi condenado por São Pio X?


Vejamos o que mais disse Ratzinger:

· ‘’Em uma forma de dizer, a religião contem a preciosa pérola da verdade, mas está sempre escondendo-a, e se encontra em perigo contínuo de perder sua essência. A relgião pode cair enferma, e converter-se em algo destrutivo. Pode e deve levar-nos a verdade, mas também pode apartar aos homens da verdade... Podemos achar relativamente fácil criticar a religião dos outros, mas devemos estar prontos a aceitar críticas de nós mesmos e de nossa própria religião.’’ (Ibid.)

· ‘’Karl Barth [teólogo protestante] distinguia no cristianismo religião e fé...Tinha razão enquanto a que a religião do cristão pode cair na enfermidade e converter-se em superstição: a religião concreta na que se vive a fé deve ser continuamente purificada no fundamento da verdade, essa verdade que se mostra a si mesma, por um lado, em fé e, por outro lado, se revela a si mesma novamente através do diálogo, permitindo-nos conhecer seu mistério e infinitude.’’ (p. 111)


A partir destas afirmações, está claro que Ratzinger tem a idéia modernista de que a fé é a experiência religiosa de cada homem, que esta se distingue de sua religião, por exemplo, o conjunto de dogmas, observâncias litúrgicas e disciplinas que sustenta e pratica. Disse que a Religião pode corromper-se. Portanto deve estar sujeita a uma constante purificação que se alcança com a fé – que não é religião – e diálogo, por exemplo, com outras religiões.


Esta distinção entre religião e fé é tipicamente modernista. Sujeita a ‘’religião’’ a uma perpétua mudança. Em outras palavras, como disse mais acima, não temos idéia de como será a igreja futura.


O ensinamento Católico, em contraste é que o objeto de nossa fé são os dogmas infalíveis ensinados pela Igreja Católica Romana, a que é absolutamente imutável e irreformável. A liturgia e as disciplinas da Igreja conforme a estes dogmas imutáveis são portanto também imutáveis na sua essência.


Escutemos o que Ratzinger diz sobre a atividade missionária da Igreja Católica:


· ‘’No futuro a atividade missionária não poderá proceder como se fosse um caso de comunicação com alguém que não tem nenhum conhecimento de um Deus que ele tem que acreditar.’’ (p. 112)

· ‘’A proclamação do Evangelho tem que ser necessariamente um processo de diálogo. Nós não estamos contando algo a outra pessoa que seja totalmente desconhecido; em vez disto, estamos abrindo fenda escondida de algo com o qual já está em contato em sua própria religião.’’ (Ibid.)

· ‘’O diálogo entre religiões deve converter-se mais e mais um escutar ao Logos, que está apontando para nós,em meio de nossa separação e nossas afirmações contraditórias, a unidade que já compartilhamos.’’ (Ibid.)


Estas afirmações de Ratzinger destroem por completo o ensinamento da Igreja católica, no sentido de que Ela é a única Igreja verdadeira fora da qual não há salvação. A Igreja Católica nunca levou a cabo sua atividade missionária desta forma. Nunca ‘’dialogou’’ com as falsas religiões. Ao passo que sempre foi cuidadosa em não insultar as pessoas, e até aceitou alguns de seus costumes não incompatíveis com o Catolicismo, nunca reconheceu valor nas falsas religiões. Acaso São Pedro ou os papas dos primeiros tempos ‘’dialogaram’’ com os romanos idólatras para encontrar a ‘’unidade que já compartilham’’?


A Igreja de Ratzinger é desconhecida para os católicos e para a história do catolicismo. Ratzinger nos está pedindo que abandonemos a eterna e imutável Igreja de Cristo para aderirmos a uma desconhecida Igreja do futuro.



Ratzinger distribuindo a Eucaristia para um protestante, Irmão Roger da Comunidade Taizé. Ratzinger diz sobre Roger:’’ Frère Schutz está nas mãos da bondade eterna, do amor eterno, chegou à alegria eterna.’’(Zenit17-08-2005) E ainda : ‘’Seu testemunho cristão de fé e de diálogo ecumênico foi um ensinamento precioso para gerações inteiras de jovens’’ (Zenit 16-08-2006)


11- Como pensa que Ratzinger vai tratar os tradicionalistas?


Penso que vai ignorar por completo os sedevacantistas. Quiçá excomungue a um de nós. Creio que vá dar algo ao movimento do Indulto e a Fraternidade de São Pedro. Eles aceitam o Vaticano II e não tem problema com a nova eclesiologia. De modo que Ratzinger não vai a ter problemas, creio, em garantir-lhes melhor status do que Wojtyla deu-lhes. Wojtyla odiava o movimento tradicionalista. Ratzinger é diferente. Em matéria de gostos, é mais conservador que Wojtyla, e vai preservar a conservação da Missa Latina Tradicional, algo assim como uma peça de museu. Enquanto se empenhe com a ‘’reconciliada diversidade’’ as pessoas do Indulto e da Fraternidade de São Pedro vai a ser favorecida por Ratzinger.


Dessa forma, penso que Ratzinger vai apelar a ala esquerda da Fraternidade de São Pio X para regularizar-la, isto é, a colocar sob o controle do Vaticano. Vai garantir-lhes consideráveis concessões. Se ele obtiver êxito, vai dividir este grupo, como já estão divididos entre esquerda e direita.


De toda forma, penso que, desgraçadamente, o que sobrar da Fraternidade São Pio X vai seguir alegremente na mesma velha linha de ‘’estar com o Santo Padre’’ – uma evidente mentira – e ao mesmo tempo continuar com sua pratica de desafio por medo da desobediência organizada e universal contra ele. Ou seja que não há muita esperança ali.


12- Então, qual será nossa atitude a respeito de Ratzinger?


A mesma atitude que tivemos com Wojtyla: que não é católico porque é herege, e que está impondo aos católicos uma falsa religião. Por ambas razões, não pode ser um papa católico. Seguiremos como sempre, rogando a Deus que algum dia nos de um verdadeiro papa católico. Somente mediante um verdadeiro papa católico nossa Igreja Católica e nossas vidas católicas poderão voltar a normalidade.


A Sé está vacante.



RESUMO:


· Ratzinger é herege principalmente por sua posição a respeito das coisas condenadas pela Igreja: o ecumenismo e a nova eclesiologia.


· Ratzinger é evolucionista no que diz respeito a natureza da Igreja, o qual demonstra uma atitude herética contra a Igreja, que é um objeto de nossa fé.


· Ratzinger disse que os católicos não tem toda a verdade sobre Deus, e devem dialogar com acatólicos para acha-la.


· Precisamos perseverar em nossa resistência ao modernismo sustentando que Ratzinger é um falso papa e persistindo nos ensinamentos que foram legados de nossos antepassados como Fé Católica.



( MHT Newsletter, Maio 2005; Most Rev. Donald J. Sanborn - Reitor, Most Holy Trinity Seminary - bpsanborn2002@yahoo.com )


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Tradução feita de: 'Don't Get Your Hopes Up about Ratzinger: Q & A' - http://www.traditionalmass.org/articles/article.php?id=63&catname=15 ; também em espanhol: '¿QUIÉN ES JOSEPH RATZINGER?¿QUÉ PODEMOS ESPERAR DE ÉL?' - http://ar.geocities.com/verdadunica01/ratzinger.html


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Furacões na Cidade... de Deus - parte III

Continuando o capítulo 11 do livro "Os Jesuítas", do sacerdote exorcista Malachi Martin:

"Em outro nível, enquanto isso, acontecia em todos os seminários, colégios e universidades católicas uma depuração mais sutil mas ainda evidente. Homens mais velhos, de idéias tradicionais, foram aposentados prematuramente ou simplesmente se afastaram desgostosos. Eles só eram substituídos por partidários fervorosos da "Renovação" (a palavra era sempre escrita com a inicial maiúscula naquela primeira fase). Os seminaristas eram expulsos se achassem a novidade abominável.

Para acentuar as cores de crepúsculo daquela cena varrida pela tempestade, veio uma segunda tempestade, a onda de euforia. Surgiu, entre os que restaram, a magnífica, embora nem sempre convincente, idéia de que o futuro do catolicismo, tão abruptamente reduzido em sua prática e no número de adeptos, era agora um tanto mais brilhante do que nunca. O que parecia um monte de destroços era, na realidade, uma imensa renovação pentecostal em marcha; a verdadeira Igreja de Cristo estava para surgir em toda a sua beleza e verdade.

Aquelas esperanças - todas as esperanças - se concentravam, agora, na comunidade, "O Povo de Deus" estava, agora, distinto e separado da antiga e inflexível hierarquia do papa, bispos, padres e freiras na rígida solidificação da disciplina romana. Mais do que isso, dizia-se agora que aquele Povo de Deus - todo ele, bem como cada pequeno grupo de fiéis - era a verdadeira Igreja, a verdadeira fonte daquilo em que se deve acreditar. Em questões de fé, moral, dogma e prática religiosa, Roma, do atual estado da Geórgia, tinha a mesma autoridade que a Roma dos papas. A autoridade central estava desaparecendo como verdade católica prática.

Se alguém olhasse à sua volta, na primeira fase da tempestade, para se orientar, nenhuma pessoa isolada e nenhum grupo isolado pareciam responsáveis pelo surgimento daquela eufórica convicção. Mas ela avançava como um incêndio descontrolado pelas igrejas, afrouxando os laços entre os leigos e o clero, entre freiras e superiores eclesiásticos, entre padres e bispos, entre bispos e papas.

Conseqüência imediata foi a insistente exigência de que a democratização substituísse a autoridade central e pusesse uma nova e muito necessária ordem por toda a Igreja. Os padres se organizaram em ligas, associações, senados e sindicatos, em bases nacionais e regionais. As freiras fizeram o mesmo. Os leigos, homens e mulheres em separado, também. Todos emitiam declarações bem delineadas de seus direitos e exigências. Todos exigiam que métodos democráticos fossem usados não apenas no governo da Igreja Romana, mas até mesmo para "decidir" no que se deveria acreditar. Toda uma gama de carreiras inteiramente novas abriu-se para clérigos que não tinham interesse em ouvir confissões, batizar bebês, procurar pecadores e rezar missa.

Com uma velocidade surpreendente, a cena contemporânea assumiu um aspecto ridículo, cômico, que parecia pedir uma exploração em filmes do tipo "pastelão" e por cômicos de casas noturnas. Padres com rosários simbolizando paz e amor faziam pressão sobre os bispos, dedilhando violões e cantando "Sonhar o Sonho Impossível". Freiras usando maquilagem, jóias e roupas da moda sorviam coquetéis em suas "convenções" anuais em salas de estar de hotéis. Bispos estampavam em suas cartas pastorais a foice e o martelo em alto relevo, em vez dos símbolos normais da Cruz e da Igreja. Teólogos davam saltos mortais metafóricos sobre a cúpula da Basílica de São Pedro, em suas tentativas de saltarem para longe de toda e qualquer regra romana de moralidade e fé. Um arcebispo americano subiu serenamente ao púlpito para pedir à sua congregação que parabenizasse e rezasse por seu bispo auxiliar que no dia seguinte ia deixar o episcopado para se casar. Um bispo americano, que mais tarde se tornou cardeal, organizava "comitês de bolinhos" em todas as suas paróquias para serem usados como pão da comunhão do novo rito que substitui a Missa Romana. Um arcebispo mexicano começava regularmente seus sermões dominicais com um punho cerrado erguido ema saudação e com o grito desafiador da Internacional Comunista, "Soy marxista", nos lábios.

O público em geral não deixou de perceber a atmosfera circense. Pela primeira vez na história da indústria cinematográfica e de televisão americana, o padre católico, a freira católica, o seminarista católico, os rituais católicos tornaram-se presa fácil para risadas gratuitas e dramas horripilantes. Como o pastor anglicano na Inglaterra de Noël Coward e os rebe judeu na Europa das décadas de 1920 e 1930, aqueles personagens católicos romanos, antes intocáveis - freira, padre, bispo, papa, seminarista - entraram para o cartaz mundial de matéria de entretenimento.

E a euforia continuava. De algum modo, tudo aquilo, também, era interpretado como parte da promessa de um futuro dourado para o catolicismo.

A substância, tanto da euforia como da confusão nunca foi retratada mais literalmente do que por dois artistas romanos, Ettore de Concillis - sem dúvida um nome com um toque de ironia histórica - e Rosso Falciano. Nos últimos dias do Concílio Vaticano II, contratados para decorar as paredes de uma nova igreja em Roma dedicada a São Francisco de Assis, Conciliis e Falciano pintaram uma rodopiante montagem de rostos de perfil. Foi como se a brafunda disparatada de retratos tivesse sido colocada naqueles mesmos ventos fortes, àquela altura adquirindo rapidamente a plena força de um furacão. O papa João XXIII, o ditador comunista Fidel Castro, o ateísta professo Bertrand Russell, o líder do Partido Comunista Italiano Palmiro Togliatti, a atriz excomungada Sophia Loren, o presidente Alexei Kosygin do Conselho de Ministros soviético, o prefeito esquerdista Giorgio La Pira, de Florença, o ditador comunista Mao Tsé-tung da China, e sabe-se lá por que razão, Jaqueline Bouvier Kennedy.

Nem Conciliis nem Falciano eram comunistas. Mas estavam convencidos de que, com o Vaticano II, tudo estava mudado. Ninguém estava errado: todos estavam certos. Tal como a Igreja, São Francisco, o poverello de Assis, podia abraçar a todos. Porque agora o impossível aconteceu. A Igreja Católica tornou-se humana; e, portanto, nada que fosse humano podia ser visto como alheio a ela. Renovação era o caminho, a verdade, e a vida do catolicismo romano. E sua mensagem era levada nas asas de seu próprio delírio: se a Igreja hierárquica pudesse mudar, pudesse adaptar à humanidade da Renovação, a Era de Ouro da Cristandade iria nascer.

Realidade, disse certa vez Jean-Paul Sartre, é um balde de água fria. Ela o deixa sem respiração, incapaz de falar. Foram tão repentinos e tão esmagadores aqueles dois furações, que expressões articuladas de surpresa ou choque pareciam impossíveis para a grande maioria de homens e mulhres - tanto testemunhas como participantes. A mudança foi uma mudança de verdade. A euforia era euforia de verdade. Ninguém discutia a autenticidade de nenhuma das duas. Sua realidade ultrapassava qualquer ficção ou pretensão, em termos de estranheza, incongruência ou espírito inventivo. Mas embora houvessem indivíduos e grupos de pessoas aqui e ali que gritassem em equivalente a "Esperem aí! O que é que está acontecendo? Por que estamos mudando tudo?", era como se ninguém pudesse ouvi-los por causa do barulho da tempestado dupla que assolava o catolicismo."

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Furacões na Cidade... de Deus - parte II

Continuando o capítulo 11 do livro Os Jesuítas, de Malachi Martin. Colocarei, futuramente, algumas imagens modernas sobre os fatos análogos aos aqui neste texto referidos, para demonstrar que longe de tais afirmações serem problemáticas ou historicamente pontuais, tornaram-se uma perigosa permanência:

"Quando a violência dos ventos passou e o novo dia amanheceu, as pessoas olharam à sua volta e descobriram que, de repente, o latim universal da missa havia desaparecido. Ainda mais estranho: a própria missa romana desaparecera. Em seu lugar havia um novo rito que se parecia com a missa antiqüíssima como [na mesma proporção em que] um barraco se parece com uma mansão palaciana. O novo rito era dito numa babel de línguas, cada qual dizendo coisas diferentes. Coisas que pareciam anticatólicas. Que apenas Deus, o Pai, era Deus, por exemplo; e que o novo rito era "uma ceia comunitária", não uma re-apresentação da morte de Cristo na Cruz; e que os padres não eram mais sacerdotes de um sacrifício, mas ministros à mesa servindo a convidados numa ceia comum de amizade.

É verdade que o papa que presidia tais enormidades de aberração doutrinária, Paulo VI, tentou recuar um pouco em direção à primeira e única Missa Romana. Mas era tarde demais. O caráter anticatólico daquele novo rito persistiu.

A devastação daqueles furações não tinha parado ali. Igrejas e capelas, conventos e mosteiros tinham sido despojados das suas imagens. Altares de sacrifício tinham sido removidos, ou pelo menos, abandonados, e em vez disso tinham diso colocadas em frente ao público mesas de quatro pés, como se preparadas para uma ceia agradável. Sacrários foram retirados, juntamente com a crença fixa sobre o sacrário de Cristo como a essência da Missa. Paramentos foram modificados ou postos inteiramente de lado. Balaustradas para a comunhão foram removidas [o autor se refere aos genuflexórios para a recepção do Corpo de Cristo de joelhos e na boca - nota nossa]. Os fiéis foram instruídos a não mais se ajoelharem quando recebessem a Santa Comunhão, mas ficarem de pé como homens e mulheres livres, e a receberam o Pão da Comunhão e o Cálice do Vinho da Comunhão em suas mãos democráticas. Em muitas igrejas, membros da Congregação eram imediatamente expulsos por "perturbação pública da adoração" se tivessem a ousadia de genuflectir ou, ainda pior, ajoelhar-se, para a Santa Comunhão do novo rito. A polícia era chamada para expulsar os infratores mais graves, aqueles que se recusavam a 'cooperar' e se recusavam a sair.

Fora das igrejas e das capelas, missais romanos, cartões de comunicação de missas fúnebres, livros de orações, crucifixos, as vestes dos altares, paramentos da missa, balaustradas para a comunhão, até púlpitos, imagens e genuflexórios, bem como as estações da Via Sacra eram atirados às fogueiras e depósitos de lixo das cidades, ou vendidos em leilões públicos onde decoradores de interiores os arrematavam a preços irrisórios e lançavam um "estilo eclesiástico" na decoração de apartamentos e de casas elegantes dos subúrbios. Um altar de carvalho esculpido dava uma "penteadeira" tão original...!

A reação a isso tudo não foi apenas imediata; foi turbulenta e constante. Mas não pense, por um minuto sequer, que foi uma reação de horror, de inquietação, de insistência para que se acabasse com a barbaridade que as coisas sacras e sacrossantas fossem restauradas. Muito pelo contrário.

O comparecimento à missa diminuiu imediatamente, e em dez anos havia caído 30% nos Estados Unidos, 60% na França e na Holanda, 50% na Itália, 20% na Inglaterra e no País de Gales. Outros dez anos, e 85% de todos os católicos da França, Espanha, Itália e Holanda nunca foram à missa. A população dos seminários teve queda vertical. Na Holanda, 2000 padres e 5000 irmãos e freiras religiosas abandonaram os seus ministérios. Existe, hoje, 1986, em média um novo padre ordenado por ano naquele país, onde antes havia uma média de dez. Quedas semelhantes foram registradas em outros países. Nos doze anos de 1965 a 1977, cerca de doze a quatorze mil sacerdotes no mundo inteiro solicitaram dispensa dos seus deveres, ou simplesmente foram embora. Sessenta mil freiras deixaram seus conventos entre 1966 a 1983. A Igreja Católica nunca sofrera perdas assim tão devastadoras num espaço de tempo tão curto.

Muitas freiras professoras simplesmente se desfizeram de seus hábitos religiosos, compraram logo trajes leigos, cosméticos e jóias e deram adeus aos bispos locais que até então tinham sido seus superiores, declararam-se constituídas como educadoras americanas comuns, decentes e íntegras, e seguiram suas carreiras. O número de confissões, comunhões e crismas diminuiu, no mundo inteiro a cada ano, de uma média de 60% de católicos praticantes em 1965 para um número situado nalgum ponto entre 25% e 30% em 1983. As conversões ao catolicismo diminuíram dois terços. (idem à anterior)

Aqueles que ficaram - clérigos e leigos - não estavam satisfeitos com a tentativa de abolição da Missa Romana tradicional, com as alterações gerais do ritual e da adoração católica, e com a nova liberdade de lançar dúvidas sobre todos os dogmas. Aquilo não era o bastante. Elevou-se um clamor em favor do uso de anticoncepcionais, da legalização das relações homossexuais, de tornar o aborto opcional, da atividade sexual pré-marital sob certas condições, do divórcio e do novo casamento dentro da Igreja, de um clero casado , da ordenação de mulheres, de uma rápida união improvisada com as igrejas protestantes, da revolução comunista como meio não apenas de resolver a pobreza endêmica, mas de definir a própria fé.

Passou a ser moda uma nova forma de blasfêmia e sacrilégio. Para os católicos homossexuais, o "discípulo que Jesus amava" adquiriu novo significado. Não tinha aquele discípulo "se apoiado no peito de Jesus" na Última Ceia? Com isso, o amor do homem pelo homem estava consagrado, não? Sacerdotes homossexuais em paramentos cor de alfazema rezavam missa no novo rito para congregações homossexuais.

E se podia ser assim para os homossexuais masculinos, o que dizer do amor da mulher pela mulher? Só as mulheres católica da geração da década de 60 foram suficientemente inteligentes para perceberem que eram vítimas do preconceito sexual eclesiástico; para elas, chegara finalmente o dia do acerto de contas com a antiqüíssima Igreja preconceituosa em matéria de sexo. Surgiu, então, a Igreja feminina - um desses medonhos e populares termos que significava reuniões de mulheres em apartamentos onde Ela (Deus, a Mãe) era adorada e recebia agradecimentos por ter enviado seu Filho (Jesus) pelo poder fertilizante do Espírito Santo (sendo Ela mesma a Mulher "primoprimordial").

Apoiando essa variegada plêiade de mudanças e mudadores e vira-casacas, lá veio marchando toda uma falange de irrequietos "peritos". Teólogos, filósofos, peritos litúrgicos, "facilitadores", "coordenadores sócio-religiosos", ministros leigos (masculinos e femininos), "diretores de práxis" - fossem quais fossem seus títulos divulgados entre a massa, estavam todos procurando duas coisas: convertidos à nova teologia e briga com os maltratados tradicionalistas que estavam em retirada. Um dilúvio de publicações - livros, artigos em revistas, novas revistas, boletins, cartas-circulares, planos, programas e resumos - inundou o mercado católico popular. Os "peritos" questionavam e "reinterpretavam" todo dogma e toda crença, tradicional e universalmente esposados pelos católicos. Tudo, na verdade, e em especial as coisas difíceis da fé católica romana - penitência, castidade, jejum, obediência, submissão - ficou sujeito a uma modificação violenta, da noite para o dia."

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Excertos de uma carta de Sto Atanásio a seus fiéis

São os santos verdadeira fonte de sabedoria segura, e de considerações exemplares para nós. Muitas vezes, as amarguras que sentiram diante dos problemas, tentações e embates são prenúncios daquilo que nós, homens comuns, um dia teremos como impossível evitar em nossas vidas privadas. Não a tôa, são também tradicionalmente conhecidos como "Espelhos de Cristo".

Vejamos o que um desses reflexos do Verbo - Santo Atanásio - nos deu a conhecer, em uma carta dirigida aos fiéis perseguidos pela onda heterodoxa de sua época (o arianismo), que por sua vez continha, para espanto e escândalo de muitos, maior número que os ortodoxos.

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(...)

"Que Deus vos console! O que vos entristece também é que os outros ocuparam as igrejas pela violência, enquanto que vocês estão fora. É um fato, eles têm os locais, mas vocês têm a fé apostólica. Eles podem ocupar nossas igrejas, mas estão fora da verdadeira Fé católica. Pensem bem, o que é mais importante: o local ou a fé? A verdadeira fé, é evidente! Nesta luta, quem é o vencedor, quem é o derrotado? O que mantém o local ou o que guarda a fé? O local, é verdade, é bom, quando ali se prega a fé apostólica; ele é santo se tudo ali respira a santidade.

Vocês são felizes, os que permanecem na Igreja pela fé, vocês que estão firmes nos fundamentos da fé que lhes foi transmitida pela santa Tradição apostólica. E, se por diversas vezes uma inveja odiosa quis derrubá-la, foi em vão. São estes que se desligaram dela na crise atual.

Ninguém jamais prevalecerá sobre a fé, meus irmãos muito amados. E cremos que um dia Deus nos devolverá nossas igrejas.

Assim, portanto, mais eles se esforçam para ocupar os lugares do culto, mais eles se separam da Igreja. Eles pretendem representar a Igreja; na realidade, eles se expulsam a si próprios e se perdem. Os católicos fiéis à Deus na Santa Tradição, mesmo reduzidos a um pequeno grupo, são estes a verdadeira Igreja de Jesus Cristo."

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Mais do que nunca, essas palavras de Santo Atanásio nos fazem refletir sobre a situação que sofrem todos os católicos nos tempos hodiernos. Vendo por incontáveis vezes, em inúmeros lugares, os sinais de apostasia e desprezo da fé, são estimulados a acreditar que o abominável é a regra dentro dos templos de Deus, e o cristianismo que antes era a seiva pulsante da sociedade ocidental, agora é mero apêndice incômodo e urticante, que irrita ao mero contato suave.

É, os tempos mudaram... para pior!

Agora, padres que impedem os fiéis de se ajoelharem diante de Cristo Eucarístico durante a missa, dizendo: "Não, não ajoelhem. Agora não é momento de adorar! É comemoração, refeição e festa! Ceia fraterna!". Coroinhas vestidas com micro-saias, e com vestes cujas costas e parte da cintura estão completamente - eu disse COMPLETAMENTE - visíveis.

Padres que fazem chacota das coisas sacras, brincando com as imagens do Cristo e dos Santos durante as homilias. Pessoas que antes foram ladrões de hóstias consagradas ou maçons, agora são "Ministros" e "ministras" extraordinários da eucaristia, com chaves próprias do sacrário e tudo mais. Bailarinos e raparigas dançando durante a celebração, teatros e representações com nítida inspiração pagã. Proibição de se ajoelhar ou mesmo de receber diretamente nos lábios o Corpo de Cristo, violando os direitos legítimos dos fiéis. "Visitas" do padre à assembléia durante a celebração da missa, omissão de orações e funções dele em favor dos "ministros extraordinários". Consagração coletiva das espécies eucarísticas do pão e vinho, "presidência" ministerial inserindo inapropriadamente orações e reflexões - com alto teor de termos inócuos - durante a missa.

"Show-missas" com padres cantores, freiras dançantes, irmãos consagrados guitarristas, bispos bateristas. Banhos de água benta distribuída através de arremessos de balde. Decorações litúrgicas grotescas: missa-queijo, missa-halloween, missa-dance, missa-rock, missa-balada, missa-caipira, missa-afro, missa-umbandista, missa-hindu, missa-budista, missa-xintoísta, missa-taoísta, missa-artística, missa-mágica, missa-carnaval, missa-campesina, missa-guerrilheira, missa-comunista, missa-teatral, missa-acrobática, missa-circo, missa-semi-nudista, missa-farofeira, missa-dark, missa-gótica, missa-wicca... Altares "exóticos", que vão desde a uma superfície de toco de madeira, uma mesinha de centro numa casa da periferia, o capô de um carro até caixas de papelão, canoas, mostruários infláveis de produtos alcoólicos, sacos de feno, na grama mesmo.

Homilias bombásticas, recheadas de politicagem rasteira, portentosas manifestações de vaidade ignorante, que quando não sabe o que falar, aproveita-se daquelas clássicas fórmulas que nada falam de substancialmente católico, tão etéreas e repisadas que são: "O que importa é o amor!", "Vamos trabalhar por um mundo mais justo e fraterno!", "A comunidade humana deve sempre buscar a paz!", "Nós somos chamados a sermos mais humanos!", "A nossa tolerância para com o próximo é o que importa!", "O mundo precisa de nós, porque nós precisamos do mundo!". Quando não são vazias, erros doutrinais rotineiramente permeiam o começo, meio ou fim. Dizer "Nossa Senhora, como nós, também teve os seus pecados..." já não causa mais escândalo. Defender que Jesus foi um revolucionário social - apenas - também não; e muito menos dizer que toda a humanidade é Filha de Deus e pertence à Igreja!

Terço? Não, esta é a oração das velhotas caducas, incapazes demais para compreender os "tempos modernos" nos quais você reza de verdade enquanto pula a cerca de uma propriedade privada produtiva, sob os auspícios da CNBB e MST, para fazer destruição em favor da Igreja "povo de Deus'! É o terço do oprimido!

Meditação? Só a zen-budista, ou aquelas acompanhadas de atividades físicas orientais, como Tai Chi Chuan ou Yoga. O negócio é esvaziar a cabeça, acender o incenso e ficar no OOoommmm.... OOOOoooommmm.... AAAaauuuummmm... ou talvez mofar ao som duma música "New Age" durante o banho de sais, convenientemente acompanhados de pirâmides ou cristais místicos, numa banheira de madeira feita por um ermitão do Himalaia!

Atos de misericórdia corporal? Mas os agentes do serviço social municipal já têm isso como função deles, e eu já não pago impostos ao governo para serem recolhidos os mendigos e indigentes das ruas. Atos de misericórdia espiritual? Quem sou eu para corrigir os que erram, ou consolar alguém, ou dar bom conselho? Há escolas e psicólogos para isso hoje, entupidos de teorias magníficas que respondem o que você quiser, do jeito que te for mais conveniente - afinal, tudo é relativo!

Devoções? Claro que temos! Afinal, não amamos de paixão a Britney Spears, a dupla Gino e Geno, a Avril Lavigne, bem como o Ronaldinho Gaúcho, o atleta Michael Phelps, as Tartarugas Ninja, os Pokemón, os Smurfs, Power Rangers, Bob Esponja... e até o Dalai Lama e aquela turma incrivelmente "sensata" que defende com unhas e dentes a eficácia do livro "O Segredo"?

Oração? Não é aquela coisa que se ensinam nas aulas de análise sintática, nas apostilas de gramática? Oração não é sinônimo - ordinariamente falando - de uma frase qualquer? Não? Ah, já sei! Oração é aquele negócio dos pentecostais, né? Tipo assim: "Sahndalaybaricandara Sautiandara Belonbaradankara Marisuryanbala"!

Deus do céu, ajude-nos!

Se os tempos da Atanásio eram por eles considerados escandalosos e heréticos, a que epíteto deve esta modernidade corresponder? Satânicos, no mínimo?

Deixando o cinismo de lado, paro por aqui esse verdadeiro desfile de horrores, - e olha que não falei dos seminários, casas de (de)formação, editoras "católicas" e outros lugares onde as peripécias de uma mentalidade imbecil vão deixando seus rastros, emporcalhando o resto de catolicismo de fato que sobrevive no mundo - para lembrar ao mundo que se putrefaz diante do abandono do seu referencial absoluto (que é Deus Nosso Pai, e Jesus Cristo, Nosso Senhor) - mas paro consciente que a Igreja Católica vista por todos nós têm uma considerável responsabilidade nesse processo dessacralizador, e sua laicização favoreceu (e continua a favorecer) a desgraça do antropocentrismo, do modernismo, da heterodoxia e da síntese entre posições irresistivelmente irreconciliáveis.

Que a voz daqueles que são fiéis permaneça gritando a Verdade, antes que, no dia derradeiro, sejamos condenados por nossa omissão vergonhosa que levaria muitos à perdição perpétua. Retomar os postos perdidos para os bastiões da destruição, educar os povos segundo a Sã Doutrina, instigar-lhes vida santa e fidelidade àquilo que é certo e santo, defender a Igreja dos ataques que contra ela se levantam, cristianizar as gentes e imbuí-los de Cristo Jesus, seu Evangelho e da sua Tradição que permanece nos filhos fiéis da Santa Madre Igreja, evangelizar e favorecer de todos os modos e maneiras a Salvação.

É missão árdua, como foi a de Santo Atanásio, defender a integridade do verdadeiro catolicismo.

Mas a Força Suprema que o ajudou, também nos ajudará. Amém.

sábado, 16 de agosto de 2008

Furacões na Cidade... de Deus - parte I

Esse texto magnífico do padre(*) exorcista Malachi Martin traz uma espantosa imagem analógica, referente aos efeitos imediatos do conhecido evento paradigmático da catolicidade no século XX: O Concílio Vaticano II.

Eis o capítulo 11 do livro "Os Jesuítas":

"Coloque-se na posição de um morador de uma cidade que nasceu e cresceu nela, e segue para o trabalho pelo caminho que você tem usado todas as manhãs nos últimos vinte ou trinta anos. Segue por uma longa avenida, depois dobra uma certa esquina e segue por outra avenida que parece que nunca mudou. É isso. Você tem feito isso cinco vezes por semana, quem sabe por quantas semanas, ano após ano. A manhã é como todas as outras manhãs, numa cidade que é exatamente como sempre foi para você ontem, no mês passado, e lá até onde você pode se lembrar.

Por isso, você anda sem praticamente perceber os pontos característicos e todas as coisas que você conhece tão bem e que lhe dizem que você está ali em casa - as calçadas, os cruzamentos de ruas transversais, os sinais de tráfego, árvores, postes, lojas, prédios; o ritmo crescente e decrescente dos carros, ônibus, caminhões; as bancas de jornais, o homem de sempre mendigando em seu posto permanente, a mistura de sons de vozes e de máquinas, os cheiros no ar, até mesmo as usuais variações de tempo; as multidões de homens de negócios, funcionários de escritórios, operários de construções, donas de casa passeando com seus cachorros, mensageiros, turistas, gente fazendo compras, ociosos, vadios.

Tudo é tão esperado, tão previsível, tão tranqüilizador, que não importa o nível do barulho ou movimento irregular das coisas na rua, num certo sentido tudo aquilo garante a sua paz de espírito. Dobrando aquela conhecida esquina, tudo será como sempre foi. É isso que você presume inconscientemente. E com razão, porque certas coisas não mudam. A vida é baseada nessa premissa, em especial os atos insignificantes da vida - como ir a pé para o trabalho.

Mas imagine-se dobrando aquela esquina e sendo subitamente apanhado por trás por uma rajada de vento forte, que parece ter surgido do nada e em sua passagem furiosa despedaça prédios, derrubando alguns deles, atirando pessoas para todo lado, enchendo as calçadas de destroços, arrancando árvores e sinais de trânsito, transformando o céu sobre a sua cabeça com uma cor de crepúsculo, e torcendo a retidão da avenida que permitia uma visão clara, deixando-a parecida com um saca-rolhas, enquanto leva, a contragosto, você e todos e tudo mais em direções estonteantes. É uma mudança tão total, tão abrupta, tão irresistível mesmo, que você já não sabe onde está, para onde está indo ou o que está acontecendo.

Antes que você tenha tempo de perceber não consegue se orientar, outra rajada forte de vento misturando-se à primeira vem gritando de forma incoerente nos seus ouvidos e, para deixá-lo ainda mais em pânico, parece afetar a maioria das pessoas que o cercam com uma espécie de prazer estático, de modo que elas se atiram sem resistir nas violentas lufadas daqueles dois ventos que agora levam todo mundo, inclusive você, para um lugar de onde você não avista nenhum dos seus velhos pontos de referência conhecidos. É tão estranho o efeito da segunda lufada, que mesmo com toda a sua violência e confusão, a coisa mais desorientadora, para você, é a estranha euforia de expectativa e de prazerosa confiança que parece tomar conta da maioria das pessoas que estão sendo atiradas de um lado para o outro enquanto você e elas são empurradas numa viagem desconhecida e não registrada nos mapas.

Um elemento bizarro dessa euforia perturbadora é a maneira pela qual as pessoas começam a conversar, quer entre si, quer com Deus. Parece que, num instante, eles aprenderam uma nova linguagem, estão pensando tudo com conceitos disseminados em massa e pré-fabricados: "Não adore a vertical! Adore na horizontal!" "Tudo o que ajudar o crescimento criador para a integração" "Precisa-se de facilitadores!" "Como está o seu desempenho interpessoal?"

E, como se isso já não desorientasse o bastante, um tom quase maníaco, num volume que quase chega à histeria, penetra de vez em quando na vasta confusão, quando homens e mulheres, alegando o dom de línguas do Espírito Santo, começam a emitir sons sem sentido com rapidez. "Ik bedam dam bula" (Ou a versão brasileira: "Shandalay baricandara Surianda Mare balashuria" - nota nossa) - ou coisa parecida, ouve-se um cardeal católico romano dizer extasiado, garantindo a confusão no mais alto posto. Gloriosa confusão. Eufórica confusão.

Por um instante, você fica tentado a juntar-se a todos e entrar num mundo mágico, fictício. Mas dúvidas absurdas o assaltam, sem que haja respostas consoladoras. Por que não houve aviso? Onde estavam aqueles ventos a momentos antes de atacarem? Estariam escondidos o tempo todo? Lá acima das nuvens, talvez, ou pairando em algum ponto longe das ruas e dos prédios? Ou será que vieram de regiões estranhíssimas e distantes? Por que estão todos tão euforicamente confiantes no futuro, mesmo enquanto estão sendo arrastados nas costas desses ventos? Será que o seu alegre salto à frente para a escuridão está iluminado por anseios e informado pelo seu instinto do divino? De onde vieram seus novos conceitos? E a sua nova língua?

Quaisquer que sejam as respostas, você sabe que não pode voltar atrás para o que era antes. Ninguém terá condições de voltar outra vez para os velhos locais conhecidos. As coisas nunca serão as mesmas em sua cidade natal.

Talvez seja aquela perfeita percepção que subitamente faz com que uma coisa pareça certa e clara em sua mente: de onde quer que tenham vindo, aqueles dois violentos furacões - o que derrubou tudo o que era conhecido, e o outro que meteu aquela estranha euforia na cabeça das pessoas - não eram tempestades normais.

Esse cenário, por fantástico e surrealista que seja, mal é suficiente para dar a idéia da totalidade e da rapidez da mudança e da estranha euforia que arrebatou os católicos romanos - e, surpreendentemente, também os jesuítas - na década de 1960. Porque todo um sistema tradicional de vida e prática religiosa foi aparentemente eliminado com aquela rapidez, sem aviso. Uma mentalidade de séculos foi levada na enxurrada de um furacão de mudança. Em certo sentido, um determinado mundo de pensamento, sentimento e atitude deixou de existir - o antigo mundo católico centrado na autoridade de um pontífice romano; a rígida alternativa entre apenas duas opções do dogma e da moralidade católica; o comparecimento à Missa, a freqüência à confissão e da santa comunhão; o Rosário e os vários atos piedosos e devoções da vida paroquial; a militância dos leigos católicos romanos em defesa dos valores católicos tradicionais. Todo esse mundo foi aniquilado, por assim dizer, da noite para o dia."
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(*) Há informações divergentes quanto ao verdadeiro grau de sacerdócio do referido Malachi Martin. Embora publicamente fosse considerado apenas como um padre, pessoas próximas do exorcista (é o que dizem Fr. Paul Trinchard e Pe. Rama Coomaraswamy) afirmaram que ele havia sido sagrado epíscopo, isto é, bispo. Restam algumas probabilidades: Teria sido sagrado "in pectore" por Pio XII ou algum outro bispo? Teria sido sagrado por algum bispo da linhagem "Thuc" - haja visto que colaborou ativamente com López-Gastón na sagração de Rama Coomaraswamy, como demonstram as fotos presentes neste link (http://www.the-pope.com/validity.html)? Outro boato seria que Malachi teria sido um cardeal antes da morte, mas não há dados, fotos ou documentos que confirmem essa teoria. Não sabemos perfeitamente, mas há fortes indícios de que pelo menos uma coisa seja procedente: Malachi Martin teria sido bispo no final da vida.

domingo, 27 de julho de 2008

Do primado apostólico de São Pedro - Anexos


Anexo 1: Esquema transversal dos sítios arqueológicos encontrados pela escavação





Anexo 2: A inscrição parietal “Petros Eni”, e o “muro vermelho” – com um nicho de mármore – do qual o fragmento da pedra fazia parte. O lugar do qual pendeu o pedaço da inscrição está marcado com uma estrela






Anexo 3: Fotografia da catacumba de São Sebastião, com uma oração em latim (que em português seria: “Pedro e Paulo, intercedam por Vitória”).








Anexo 4: Uma das representações pictóricas de Pedro e Paulo datada do século IV






Anexo 5: Jesus Cristo sentado na cátedra, ensinando.

















Anexo 6: Abaixo à esquerda, São Pedro, com enfoque na cabeça, exatamente na mesma posição que Jesus Cristo (sentado na cátedra, ensinando) - o que demonstra através dos símbolos qual foi o ministério deixado para "o Primeiro" dentre os Apóstolos. Imagens retiradas do cemitério "Ad duas lauros", que data da metade do século III (250 d.C.)





Anexo 7: Ao lado, seqüência de referências a São Pedro numa tumba cristã; como no Batismo de Cornélio (criando água do cajado), nas 3 negações de Cristo por ele feitas, na sua captura para o martírio, etc.


sábado, 26 de julho de 2008

Do primado apostólico de São Pedro

Um dos pontos básicos da fé cristã católica é a autoridade máxima do apóstolo Pedro, sendo ele o fundamento visível da unidade doutrinal e apostólica da Santa Igreja Católica.
Assim sendo, por esta nossa fé ser traço indistinto de catolicidade, os cismáticos e os hereges protestantes insistem em atacar o primado papal com árdua tenacidade a fim de ou rejeitá-lo ou, no mínimo, denegrí-lo a tal ponto que a ofensa cega supere a argumentação lógica historicamente fundamentada e a solidez exegética católica.
Este texto visa, antes de tudo, cumprir o pedido do apóstolo São Pedro, em sua carta, que nos diz: “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito” (1Pe 3,15)
Iniciemos, então, nossa exposição sobre o primado apostólico de São Pedro.

1) Pedro e os Evangelhos
Façamos então uma apresentação sobre a pessoa de Simão Pedro dentro do contexto das Sagradas Escrituras, em especial nos Evangelhos.
Nos evangelhos, o Apóstolo mais citado é Simão Pedro. No evangelho de João, são 37 o número de vezes que se repete especificamente o nome do apóstolo. No evangelho de Lucas, Pedro é citado 20 vezes. Em Mateus, 26 vezes; e em Marcos, “o primeiro” dentre os apóstolos (Mt 10,2) é citado 21 vezes. Ao todo, 104 vezes aparece o nome de Pedro.
Tudo isso sem contar as passagens bíblicas em que Simão ainda não é chamado Pedro, pois as considerando, passaremos de 104 para 114. A diferença de Pedro para o “discípulo amado” (se aceitarmos que ele é o apóstolo João), contando ainda todas as outras passagens dos evangelhos, numera-se apenas 46 passagens.
Pedro tem mais do que o dobro de referências do que o “discípulo amado”, João!!! Por si só, esse fato seria válido para afirmar-se que Pedro exerceu destaque entre os discípulos. Outro ponto importante é o fato de em todas as listas apostólicas dos evangelhos sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas – o primeiro a ser citado é sempre o apóstolo Simão Pedro, filho de Jonas (conforme as listas em Mt 10,1-4; Mc 3,16-19; Lc 6,14-16).
Em quase todas as citações evangélicas, é dada a pessoa do apóstolo Pedro uma posição de proeminência, raramente encontrada com relação a outros discípulos de Jesus. Ele é chamado “o primeiro” dentre os outros apóstolos (Mt 10,2), quase sempre é o único apóstolo que trava diálogos mais diretos e relevantes com o Senhor (Jo 6, 35-69; Jo 21,12-19; Lc 5,1-10; Lc 9,18-21; Lc 18, 28-30; Mc 10, 27-31; Mc 11,20-26; Mt 14,25-29; Mt 15,11-20; Mt 16,13-19; Mt 18,21-22; Mt 19, 23-30), e ele é tratado de modo diferente pelas Sagradas Escrituras, estas que por diversas vezes deixam evidente a separação entre Simão Pedro e os outros apóstolos - diferença que até os anjos no Evangelho de Marcos não deixam de fazer (Mc 14,36-38; Mc 16,7; Mt 10,2; Mt 13,16-19; Jo 21,15-19).
Nas situações que os apóstolos necessitam de um porta-voz junto a Jesus, Pedro é quem fala por eles nos evangelhos, e quem os coordena quando é necessário (Jo 6,68; Jo 13, 21-24; Jo 20,1-6; Jo 21,12-19; Lc 8,45; Lc 9,20; Lc 12,41; Lc 18,28; Mc 9,5; Mc 10,28; Mc 11,12-14.20-21; Mc 16,7). Então, sob o prisma dos Evangelhos, nos é desonesto afirmar que Pedro foi apenas mais um dos apóstolos: muito pelo contrário, a realidade bíblica que se constata é que Pedro exerce um papel predominante e eminente diante o nascente colégio apostólico (ou seja, entre os primeiros apóstolos/discípulos).
Outra observação relevante - retiramos esta dos Cadernos de Apologética Montfort:
“Dois fatos aparentemente corriqueiros da vida de Cristo se juntam às evidências até aqui acumuladas, e dizem respeito à proximidade do mestre a Pedro. Primeiro, observa-se pelos Evangelhos que, quando Cristo se demora em Cafarnaum, é na casa de Pedro que se hospeda. "Ao sair da Sinagoga, Jesus e os que o seguiam se dirigiram à casa de Pedro e André ..." (Mc 1,29; Mt 8,14; Lc 4,38), e que mais tarde, à porta da casa (de Pedro) Jesus fazia milagres. São Marcos, em outras ocasiões, sem mencionar outra casa, diz simplesmente que o Mestre se dirigiu "à casa" e "para casa" (Mc 2,1; Mc 3,20; Mc 9,32).
É curiosa a diferença nas narrações de São Marcos e São Mateus desse mesmo episódio: este usando artigo - na casa; aquele sem o usar - em casa.
O sentido da primeira expressão é o mesmo que tem, para os franceses, o ‘chez moi’, ou seja, em minha casa. Seria um fato estranho São Marcos falar de sua casa, se não soubéssemos ter sido o evangelista discípulo de Pedro. Ao repetir o que ouviu do Apóstolo, ele utiliza a expressão de quem falava da própria casa. São Mateus fala da casa não com sentido próprio, pois falava da casa de outrem. Curioso ainda é que quando os evangelistas falam da casa de Cristo, se referindo à de Nazaré, usam ambos o artigo, evidenciando o detalhe sutil e extremamente probatório da passagem.
Portanto, o Evangelho de S. Marcos demonstra que, em Cafarnaum, Cristo se hospeda-va na casa de Pedro”.(Cadernos Montfort – “O Primado de Pedro” – www.montfort.org )
Pedro exerceu um papel de evidente importância. Papel esse que é de liderança, sendo nos Evangelhos (no mínimo) o “Embaixador dos Apóstolos” – o primeiro de muitos títulos que esse texto dará a São Pedro Apóstolo.
2) Pedro e a Comunidade Apostólica
Continuemos nessa progressiva análise do apóstolo, perguntando:
“Como a comunidade cristã concebia a pessoa de Pedro?”
“Os primeiros cristãos aceitavam Pedro como os evangélicos o vêem hoje?”
Procuremos agora compreender a figura de São Pedro no livro de atos dos Apóstolos, já reconhecendo a importante liderança que configuram os Evangelhos à sua pessoa.
Primeiro, como se é notável logo numa primeira leitura de Atos dos Apóstolos, reconhece-se que o livro enfatiza a pessoa e a missão de Paulo Apóstolo, que é citado cerca de 3 vezes mais que Pedro em todo livro. Todavia, Pedro é citado em 57 passagens, e em todas elas o apóstolo exerce uma função de liderança e governo, fato este de importância central para o crescimento da Boa Nova e das comunidades cristãs que nasciam.
E todas as passagens de Atos em que Pedro aparece, em todas elas “o primeiro” dentre os apóstolos (Mt 10,2) exerce a função que Jesus Cristo já lhe havia dado: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-19). Pedro é o pastor visível, Cristo o invisível.
Pedro é quem toma a palavra, e convoca os irmãos a substituírem Judas Iscariotes – que havia morrido – por outro discípulo (At 1,15-22). Ele também é o primeiro a pregar, após a unção do Espírito Santo em Pentecostes, e é o primeiro a converter 3000 mil pessoas com apenas uma pregação!! (At 2,14-41). Pedro também é aquele quem preside a comunidade apostólica no exercício missionário (At 3), é ele quem preside o juízo de uma questão normativa sobre a doação pecaminosa de Ananias, declarando-os ‘anátemas’ (At 5,1-11).
É de Pedro o primeiro milagre pós-pentecostes (At 3,6-12), e dele também é a primeira advertência contra a heresia - a simonia - defendida por Simão Mago (At 8,14-24), além de ser o primeiro apóstolo depois de Cristo a ressuscitar um morto (At 9,40)! É de Simão Pedro também a autoridade de ensinar aos apóstolos de modo universal (católico) sobre novas matérias doutrinárias (At 11,5-17; At 15,7-11), sendo presidente doutrinal da Igreja.
Pedro, assim como nos evangelhos, é distinto dos apóstolos restantes em todo livro de Atos, corroborando a sua posição diferencial na comunidade cristã perante os outros discípulos (At 2,37; At 5,29; At 15,7). Também Pedro é quem viaja entre as comunidades cristãs, supervisionando e vigiando as ovelhas que o próprio Senhor lhe deu (At 9,32), cumprindo aquela profética afirmação de Jesus: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” (Lc 22,31-32 – grifos nossos). A jurisdição maior de Pedro sobre os irmãos é bem manifesta em tudo isso que falamos!
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos: Eis o que Pedro foi na Igreja cristã primitiva!
3) Pedro e a mudança de nome
Outro dado que coloca em evidência a singularidade petrina é a alteração do nome feita por Jesus Cristo. Simão, filho de Jonas, recebe do Senhor uma nova denominação: Pedro.
Qual o motivo para uma mudança de nome para Jesus?
Será uma coisa sem sentido feita por Jesus, só para passar o tempo?
Deus faz coisas sem sentido, ou sempre faz tudo conforme a Sua Suprema Inteligência?
É claro que Deus faz tudo conforme Sua Suprema Sabedoria, e nada que sai de Suas Mãos é obra sem finalidade. E uma das atitudes do Senhor que estão cheias de significado é a mudança de nome. Segundo “a concepção antiga, o nome não é somente uma marca de designação, mas é também aquilo que determina a sua natureza específica” (cf. Bíblia de Jerusalém - 3ª impressão 2004, nota ‘G’ relativa à mudança de nome de Abrão, pg. 54).
No Antigo Testamento há exemplos disto; mostraremos abaixo.
Quando Deus dispõe de uma criatura para dela fazer um sinal para a humanidade, Ele altera o nome desta, fazendo assim do novo nome um símbolo daquela função/missão que o Senhor escolheu para o seu servo. Vejamos agora alguns desses casos:
“Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos. Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis por descendentes. Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade. Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a terra em que moras como peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o teu Deus.” (Gn 17,4-8)
Observem como Deus muda o nome de Abrão para Abraão para fazer uma analogia com a sua missão, que é ser “o pai de uma multidão de povos”(v.4). O nome Abraão é escolhido por ser semelhante ao hebraico “ab hamôn” que significa “pai de multidão”. Isso demonstra que o nome de Abraão foi modificado com uma finalidade específica: ser um sinal-vivo do poder de Deus, que faz de dois idosos uma multidão de descendentes.
O mesmo fato se dá com Jacó (cf. Gn 32,24-31). Quando este luta com o misterioso personagem no monte (Deus, ou um anjo), Jacó insiste-lhe que o abençoe, pois percebe o caráter sobrenatural do seu adversário. E o que é mais relevante: a bênção do adversário é intimamente ligada com a mudança de nome de Jacó para Israel, como atestam os versículos 27-29, que são o prenúncio da almejada bênção.
O nome Israel advém de “peni’El” – raiz de Fanuel, que significa “face de Deus” – que simboliza o sinal da graça de Deus sobre Jacó, pois este “lutou contra Deus e contra os homens, e tu prevaleceste” (v.29; como atesta o guerreiro misterioso); assim viu a “face de Deus”(v.31) lutando contra ele, sobreviveu e ainda foi abençoado.
Como se sabe, ninguém pode ver a face de Deus e continuar ‘vivo’ (Ex 33,20ss); mas o fato de Jacó continuar vivo após “vê-la” (isto é, após estar diante de uma manifestação indireta de Deus através de um anjo) é sinal de sua missão especial como patriarca dos hebreus, e sinal de sua predileção diante do Senhor.
Justamente como nos exemplos anteriores, a Simão filho de Jonas também é dado um nome diferente, com um significado especial! Embora a nova nomeação de Simão para Pedro possa ter ocorrido antes da passagem clássica de Mateus 16 (cf. Jo 1,42), esta só adquire a sua significação absoluta no contexto do evangelho de Mateus, pois em João a mudança de nome é jogada sem o mesmo contexto. Observemos:
“Levou-o a Jesus, e Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra).” (Jo 1,42)
“Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,17-19)
A mesma estrutura se pode observar nos três casos: Abrão, Jacó e Simão são chamados primeiro pelo nome antigo, depois pelo nome novo e por fim o Senhor lhes explica o porquê do nome novo. Confira as passagens expostas anteriormente em paralelo, e verás que correspondem entre si.
“Pedro”, palavra de origem grega que significa “pedra”, é adaptada por Mateus da palavra “Kephas”, palavra aramaica que designa “pedra”. Essa designação certamente se refere ao papel de primazia que Pedro haveria de exercer na Igreja cristã, pois ele seria a pedra designada por Cristo para estabelecer a sua Igreja aqui na terra (v.18), corroborando todas as atribuições que se tornaram manifestas pelos evangelhos, das quais expusemos algumas anteriormente.
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos, A Pedra visível que é o sustentáculo da Igreja, Pedro!!!
4) Pedro e as evidências arqueológicas: inscrições parietais e imagens
Muito relevante também são os dados que demonstram com grande clareza como era manifesta a crença dos primeiros cristãos com relação ao Apóstolo Pedro.
Encontramos estes dados em diversos grafitos anônimos deixados sobre o túmulo de São Pedro, localizado durante as escavações arqueológicas promovidas sob a Basílica do Vaticano (Roma), que permeou as décadas de 1950, 60 e 70 da nossa era cristã. Estas foram realizadas com a supervisão do Mons. Ludwig Kaas, e com o apoio de especialistas de renome em epigrafia, como Margarita Guarducci.
Encontram, primeiramente, os indícios de reformas antigas realizadas por outros papas e escombros da antiga basílica da época do imperador romano Constantino – cuja existência já se sabia, já que a basílica vaticana havia sido iniciada em sua construção no ano de 1506, e estava sendo edificada acima da basílica constantiniana. Mas também foi descoberto um cemitério (uma necrópole feita no lugar do antigo circo de Nero, enterrada por Constantino para que se fizesse a basílica em dedicação à São Pedro) embaixo da antiga basílica, sendo que no meio deste havia um túmulo-mor. Esta tumba era o centro de vários outros túmulos, que eram dispostos de maneira mais ou menos circular em volta desse túmulo central, no qual há a inscrição “Petros Eni”, que significa “Pedro está aqui”. As inscrições todas datam entre os séculos II e III da era cristã, o que demonstra que os primeiros cristãos já tinham especial reverência pela pessoa de Pedro. Tanto acreditavam ser ali o lugar no qual Pedro estava enterrado que, ao lado da tumba do primeiro papa, uma caixa com pequenos ossos recolhidos pelos primeiros cristãos foi encontrada; eram ossos de animais, o que mostra o zelo dos crentes em guardar qualquer indício ósseo que pudera ser de São Pedro Apóstolo! Pelas condições da tumba, a inviolabilidade e autenticidade dos indícios encontrados é, de fato, segura.
Sendo assim, a tese de que Pedro foi apenas mais um apóstolo é rejeitada pelas evidências. Vejamos, para maior reforço de nossa tese, mais alguns exemplos retirados de grafitos dos cemitérios e catacumbas cristãs:
  • “Pedro, pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos sepultados junto do teu corpo”;*
  • “Salve, Apóstolo!”;
  • “Cristo e Pedro”;
  • “Viva em Cristo e em Pedro”;
  • “Vitória a Cristo, a Maria e a Pedro”;
  • “São Pedro, São Paulo, São Félix, São Estevão, Santa Emérita”;
  • “Pedro e Paulo, intercedam por Vitória (nome da falecida)”; “Pedro e Paulo, recordem-se de nós”.
*(O epitáfio é um pedido de intercessão pelos mortos, e um pedido da intercessão de São Pedro pelos mortos enterrados perto de seu corpo! Isso também demonstra que os cristãos primitivos oravam pelos dos mortos, e rogavam a intercessão dos santos.)
É também fato que as representações ilustrativas em imagens relatavam com grande profusão a figura de São Pedro Apóstolo. Ele freqüentemente era esculpido conforme vários simbolismos referentes à passagens bíblicas que testemunham o seu ministério, suas forças e fraquezas aqui na Terra (Pedro recebendo as chaves de Jesus Cristo, Pedro sentado numa cátedra lendo um pergaminho – símbolo da docência doutrinal, Cristo colocando sua mão no ombro de Pedro conferindo-lhe autoridade, Pedro fazendo água brotar de um cajado – símbolo do batismo de Cornélio, Pedro negando Jesus 3 vezes, Pedro sendo preso, Pedro crucificado de ponta-cabeça pelos romanos, Pedro como pastor do rebanho, etc). Vide no final, em anexo, algumas imagens que podem ser ilustrativos exemplos.
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos, A Pedra visível que é o sustentáculo da Igreja, Santo e intercessor: Esse é Pedro apóstolo, o primeiro Papa.
5) Pedro, Roma e os santos padres apostólicos
Muito embora o caráter de primazia apostólica de Pedro já tenha se demonstrado biblicamente, há alguns protestantes que procuram desabonar essas evidências a partir de uma afirmação bombástica: se Pedro nunca esteve em Roma, como pode ter ele sido o primeiro bispo de Roma? Como pode ter ele sido o primeiro papa?
Ora, tal tese protestante não está de acordo com as diversas evidências históricas sobre Pedro e o primado da Igreja de Roma sobre as demais. Apresentaremos algumas evidências históricas que demonstrarão como os cristãos viam a Igreja de Roma e a cátedra de Pedro:
"A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal" (Cipriano, +258, Epístola 55,14).
"Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, cf. fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III,1)

O mesmo Orígenes nos diz novamente: “Pedro, sobre quien se construyó la Iglesia de Cristo (...) (Comentarios de João 5,3 - J479a, 226 A.D. – texto abaixo extraído do livro 'La Fe de los Primeros Padres', de William A. Jurgens’)

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Irineu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).
“A Igreja foi construída sobre Pedro” (Tertuliano,+220)
"Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida; e foi em razão da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência: depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho perante aqueles que governavam e, desta forma, deixou o mundo e foi para o lugar santo. A esses homens [...] juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo”.(Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios, 5,3-7; 6,1).
“Zeferino, Bispo da cidade de Roma, aos mui queridos irmãos que servem ao Senhor no Egito.
Recebemos uma grande responsabilidade do Senhor, fundador desta Santa Sé e da Igreja apostólica, e do bem-aventurado Pedro, chefe dos apóstolos: a de que possamos trabalhar com amor infatigável pela Igreja universal, que foi remida pelo Sangue de Cristo, e, assim, com autoridade apostólica, apoiar os que servem ao Senhor, bem como ajudar a todos os que vivem fielmente.” (Zeferino, +217, Epístola aos bispos do Egito)
“Roma locuta, causa finita”- Roma falou, encerrada a questão. (S. Agostinho, +430, bispo e doutor da Igreja.)
São Basílio(+379), São Atanásio(+373) e outros, diziam: ´Ubi Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia, ibi Christus´ – ´Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja, está Cristo´.
"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, do ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, II,25,8)
"Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de São Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à via Óstia e lá encontrareis o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro" (Gaio, ano 199)
“Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja que recebeu a misericórdia, por meio da magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu Filho único; à Igreja amada e iluminada pela bondade daquele que quis todas as coisas que existem, segundo fé e amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada feliz, digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside o amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai; eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai. Àqueles que física e espiritualmente estão unidos a todos os seus mandamentos, inabalavelmente repletos da graça de Deus, purificados de toda coloração estranha, eu lhes desejo alegria pura em Jesus Cristo, nosso Deus”. (Inácio de Antioquia,+110, Carta aos Romanos*)
*Esta introdução à Igreja de Roma é diferente de todas as outras introduções, que são breves e pouco elogiosas (nas outras cartas de Inácio à Éfeso, Esmirna, Trália, Magnésia e outras, ele não exalta-as em dignidade nem em autoridade, como faz com a de Roma que, segundo Inácio mesmo, “preside” na região dos romanos e na caridade. E também em sua carta aos romanos, declara não ter ensinado nada, mas aprendido com a Igreja de Roma – “3. Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, quero que permaneça firme o que ensinastes”).

Todos estes escritos corroboram a cátedra petrina, e vários destes relatos são de testemunhas oculares dos primeiros cristãos, – como o de Inácio de Antioquia – o que deixa sem sombra de dúvida a comprovação de que Pedro era bispo de Roma. Outros relatos também demonstram a mesma coisa, como a Primeira Epístola de Pedro.
São Pedro “escreve sua primeira epístola a partir de Roma, conforme atesta a maioria dos estudiosos, como bispo dessa cidade e como bispo universal (ou papa) da Igreja primitiva. "Babilônia" (1Pd 5,13) é codinome para Roma.”(cf. Dave Armstrong, do site “Mirror of Truth”).
Há também uma citação de Lactâncio em espanhol que relata não só que Pedro estava em Roma, como também já havia morrido pelas mãos de Nero. Eis o texto:
“CAP. II. Sus apóstoles eran en ese tiempo once en número, a los cuales se agregaron Matías, en el lugar de Judas el traidor, y enseguida Pablo. Después se dispersaron a través de toda la tierra a predicar el Evangelio, como el Señor el Maestro les había ordenado; y durante 25 años, y hasta los comienzos del reino del Emperador Nero, ellos se ocuparon de asentar los cimientos de la Iglesia en cada provincia y ciudad. Y mientras Nero reinaba, el Apóstol Pedro vino a Roma, y, a través del poder de Dios comprometido en él, realizó ciertos milagros, y, al volverse muchos a la verdadera religión, edificó un templo fiel y estable al Señor. Cuando Nero escuchó estas cosas, y observó que no sólo en Roma, pero en todas partes, una gran multitud se rebelaba diariamente a la adoración de ídolos, y, condenando sus caminos viejos, iban a la nueva religión, él, un odiado y pernicioso tirano, saltó adelante para arrasar el angélico templo y destruir la verdadera fe. El fué el primero en perseguir a los siervos de Dios; el crucificó a Pedro, y asesinó a Pablo: el no se escapó con impunidad, pues Dios vió la aflicción de Su gente, y por lo tanto el tirano, despojado de autoridad, y precipitado desde lo alto del imperio, de repente desapareció, e incluso el lugar de entierro de esa perniciosa bestia salvaje no se vió en ninguna parte.”( “LA MANERA POR LA CUAL LOS PERSEGUIDORES MURIERON” – Lactantius)

Dionísio de Corinto (+170), Pedro de Alexandria (+311) e São Jerônimo (347-420) também atestam que Pedro esteve em Roma, fundou ali a sua cátedra e foi morto.
A Tradição Apostólica da Igreja Católica estabelece que São Pedro ocupou sucessivamente as sedes episcopais de Jerusalém, Antioquia e Roma; mas também demonstra que nunca esteve na histórica Babilônia mesopotâmica. Há evidências que comprovam a permanência de Pedro em Roma, pois em sua primeira carta cita que permanece com Marcos na “Babilônia” (1Pe 5,13). Paulo, ao escrever de Roma a sua carta aos Colossenses, atesta também estar com Marcos - que não saiu da capital do império romano (Col 4,10). Os escritos do livro “Apocalipse” também utilizam-se da mesma definição para simbolizar Roma (Ap 14,8; 16,19; 17,5). Tudo isso corrobora a tese de que a desginação “Babilônia” seria um código para “Roma”, e que Pedro lá esteve e morreu, fundando a Igreja.
Além disto, é interessante notar que, quando os protestantes negam que Pedro tenha jamais ido à Roma para ser crucificado de cabeça para baixo, negam também a profecia de Jesus sobre a morte do santo apóstolo! Isso é completamente injustificado e incoerente.
Em verdade, Cristo disse antes de sua crucifixão: “Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus respondeu-lhe: Para onde vou, não podes seguir-me agora, mas seguir-me-ás mais tarde.”(Jo 13,36)
E depois de ordenar à Pedro fosse das ovelhas de seu rebanho(cf. Jo 21,15-17), Disse Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus.(Jo 21,18-19)
Tertuliano (+220) confirma que essas proféticas afirmações de Jesus Cristo foram todas cumpridas por Pedro em Roma, dizendo-nos: “Nero foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé*. Pedro então, segundo a promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz(conforme Scorp. c. 15) - *(berço da fé = Roma)
Embaixador dos apóstolos, Pastor das ovelhas de Cristo, Diretor doutrinal da Igreja, O Primeiro dentre os apóstolos, A Pedra visível que é o sustentáculo da Igreja, Santo e Intercessor, Fundador da Cátedra Romana: Esse é Pedro apóstolo, o primeiro Papa!!
6) Pedro e o primado apostólico
“Se, porém, alguns não obedecerem ao que foi dito por nós, saibam que se envolverão em pecado e perigo não pequeno” (Clemente de Roma, +100, Carta aos Coríntios 59,1).
Por volta do ano 96, que é a mais provável data para a carta de Clemente – o terceiro papa depois de Pedro - aos Coríntios, já é visível a Suprema Jurisdição Eclesiástica do Papa na Igreja e nos seus sucessores apostólicos - ou seja, os bispos de Roma posteriores a Pedro. Mas para melhor esclarecer as possíveis dúvidas sobre o primado apostólico do Santo apóstolo Pedro, remetamo-nos à exegese católica clássica.
De todas as referências que atestam a suprema autoridade papal, a do evangelho de Mateus é a mais contundente. Vejamos novamente o que ela nos diz:
“Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,17-19)
Nesta passagem bíblica acima o primado petrino é evidente. Insisto em dizer que Pedro é pedra(v.18a), e sobre ela Jesus Cristo edificará a sua Igreja(v.18b), Igreja esta que jamais será derrubada pelas forças infernais(v.18c).
Os protestantes afirmam que a pedra sob a qual Jesus Cristo edificará a sua Igreja não é Pedro, mas sim Ele mesmo (cf. Lc 20,17; Sl 117,22; Mc 12,10; Mt 21,42), pois o termo “Petrus” e “petra”, no grego, são diferentes. Como resolver?
Porém, o texto se dirige todo a Pedro - "tu és Pedro..."; "eu te darei as chaves..."; "tudo que (tu) ligares..." - em resposta à sua confissão, como um prêmio pela sua defesa pública da fé. O texto não traz qualquer interrupção lógica, para passar a se referir a Nosso Senhor. Se assim fosse, a frase ficaria sem sentido: "tu és Pedro, mas não edificarei a minha Igreja sobre ti, senão sobre mim; as chaves do céu porém te darei." (conforme ‘O primado’ - Cadernos Montfort)
A confusão se desfaz ao concebermos como Jesus falou. Ele renomeou a Pedro em aramaico (uma língua corrente da Palestina na época), dizendo: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas(...). Por isso eu digo, tu és “Kepha”, e sobre esta “kepha” edificarei a minha Igreja.(...)”. Isso está evidente no evangelho de João, ainda no capítulo primeiro, versículo 42 (Jo 1,42). Além disto, consideremos que o grego “petra”(rocha) corresponde a “Petrus” como forma masculinizada, que assim poderia ser utilizada como nome – como Jesus queria fazer com Simão. É importante lembrar também que a diferença entre “petrus” e “petra” só existe no dialeto grego ático, e não no grego koiné usado na Palestina naquele tempo; isso mostra que “petrus” e “petra” são, na verdade, apenas declinações de gênero.
Podemos compreender também que o que foi dito corresponde com o termo aramaico “Kepha”. No aramaico: “Kepha”, significa “pedra” e “Pedro”, numa única palavra; como no francês, “Pierre” é o nome de uma pessoa e o nome do minério “pedra”. Sendo assim, toda frase se refere à pessoa do apóstolo Pedro, e não deixa margem para distorções.
De fato, Jesus Cristo é o fundamento invisível da Igreja (como foi lembrado pelos protestantes), mas Simão Pedro é o visível; assim como Jesus é o pastor invisível da Igreja, e Pedro é o visível; também no mesmo sentido em que Cristo é a Luz do mundo, e nós somos a luz do mundo. Jaime de Moura nos explica:
“Ninguém pode pôr outro fundamento. Mas o Senhor Jesus pode, livremente, confiar esse fundamento a alguém, ou ampliá-lo a quem ele quiser, como na verdade, o fez, quando disse a Simão: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18-19). Cristo, de fato se revelou: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12) mas disse também: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). E disse mais: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10,11) no entanto, ordenou a Pedro: “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,15).
Em resumo, o fundamento verdadeiro, como vimos, é Cristo. Esse fundamento, no entanto, foi como que delegado a todos os Apóstolos e profetas (Ef 2,20) pois todos são co-responsáveis. De modo especial, e solenemente, foi no entanto, entregue, estendido e confiado a Pedro, a quem Jesus falou, franca e pessoalmente, em (Mt 16,18); assim como afirmou-lhe: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus” (Mt 16,19) e ordenou-lhe, também: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15); “Confirma teus irmãos na fé” (Lc 22,32).”texto redigido por Jaime Francisco de Moura, do site www.apologeticacatolica.cjb.net ) (
Outro detalhe da aclamada passagem de Mateus 16 se refere às “chaves do Céu e da Terra”(v.19a). O artigo “La primacía de Pedro”, do site espanhol www.apologetica.org, nos dá preciosas informações sobre a simbologia das chaves. Vejamos abaixo:
“Mateo 16:19: "Yo te daré las llaves del reino de los cielos." El "poder" de las llaves tiene que ver con disciplina eclesiástica y autoridad administrativa en relación a los requisitos de la fe, como en Isaías 22:22 (ver Is 9:6; Job 12:14; Rev 3:7). De este poder fluye el uso de censuras, excomunicación, absolución, disciplina bautismal, la imposición de penas y poderes legisladores. En el Antiguo Testamento, un mayordomo, o primer ministro, es un hombre que está "sobre una casa" (Gen 41:40; Gen 43:19;44:4; 1 Reyes 4:6;16:9;18:3; 2 Reyes 10:5;15:5;18:18; Isa 22:15, Isa 20-21).
Mateo 16:19: "Cuanto atares en la tierra será atado en los cielos, & y cuanto desatares en la tierra será desatado en los cielos." "Atando" y "Desatando" fueron términos técnicos ‘rabbinical’, los cuales significaban "prohibir" y "permitir" con referencia a la interpretación de la ley y, segundamente, "condenar," "ponerlo bajo censura" o "absolver." Entonces San Pedro y los papas han recibido la autoridad para determinar las reglas para la doctrina y vida, en virtud de revelación y del Espíritu guiando (ver Jn 16:13), como también para demandar obediencia de la Iglesia. "Atando y Desatando" representa los poderes legislativos y judicial del papado y los obispos. (Mt 1817-18; Jn 20:23). San Pedro, sin embargo, es el único apóstol que recibe estos poderes por su nombre y en forma particular, haciéndolo preeminente.”
Tradução nossa: ‘Mateus 16,19(a): “Eu (Jesus) te darei (Pedro) as chaves do reino dos céus”. O “poder” das chaves tem a ver com a disciplina eclesiástica e com a autoridade administrativa em relação aos requisitos da fé, como na passagem de Isaías 22,22 (veja Isa 9,6; Jó 12,14; Ap 3,7). Deste poder flui o uso de censuras, excomunhão, absolvição, disciplina batismal, imposição de penas e poderes legisladores. No antigo testamento, um mordomo, o primeiro ministro, é um homem que está “sobre (o comando de) uma casa”(Gn 41,40; Gn 43,19;44,4; I Rs 4,6;16,9;18,3; II Rs 10,5;15,5;18,18; Isa 20-21; Isa 22,15.).
Mateus 19,16(b): “Tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus”. “Ligando” e “desligando” eram termos rabínicos técnicos, os quais significavam “proibir” e “permitir”, referindo-se à interpretação da Lei e, em segundo lugar, “condenar”, “colocar sob censura” ou “absolver”. Assim, São Pedro e os papas têm recebido a autoridade para determinar as regras para a doutrina e para a vida, em virtude da Revelação e da guia do Espírito Santo (ver Jo 13,13), como também para reclamar a obediência da Igreja. “Atar” e “desatar” representam os poderes legislati-vos e judiciais do papado e do episcopado. (Mt 18, 17-18; Jo 20,13). São Pedro, contudo, é o único apóstolo que recebe estes poderes pelo seu nome e em forma particular, fazendo-o proeminente por esta razão’.
Outro ponto que podemos dissertar é a questão aberta pelo versículo 18b dessa mesma passagem de Mateus 16. Nela, o poder e a segurança da Igreja de Cristo é que “As portas do Inferno não prevalecerão contra ela”. Nessa afirmação, já há uma exclusão contra a doutrina dos protestantes e evangélicos, que insistem em nos atacar. Estes afirmam que a Igreja corrompeu-se, e desprezam a afirmação de Jesus sobre a perenidade da Igreja!
Desprezar até as palavras Cristo para atacar a Igreja Católica é o trunfo que demonstra quão falhas são as críticas levantadas contra o Primado de Pedro.
Ainda sim alguns poderão contra-argumentar, dizendo que a Igreja não tinha um papa como nós temos hoje. De fato, o papado exatamente como o conhecemos hoje foi se desenvolvendo com o transcorrer dos séculos. Todavia, o papado já era uma realidade de fé, que existia na sua autoridade e na sua primazia desde os princípios da Cristandade.
Embora algumas doutrinas de caráter pastoral ou de costume certamente tenham sido alteradas pela história, – como aconteceu com a liberação da obrigatoriedade do véu para as mulheres, ou com a proibição de cortar o cabelo – a essência da autoridade e da primazia apostólica sempre existiram, fato esse que acabamos de demonstrar.
Porque então os protestantes rejeitam a autoridade doutrinal e a primazia papal, sendo que este é um ensinamento consumado da Sagradas Escrituras? Não há lógica, nem sequer há fundamentação sólida nos argumentos heréticos/cismáticos contra o Primado de Pedro.
7) Conclusão
Assim, esta exposição deixou bem clara a situação do primado de São Pedro, e este é autêntico e digno de fé, pois "Como meu Pai me enviou, eu(Jesus) vos envio". (Jo. 20,21) E ainda: "Quem vos ouve, a mim ouve, quem vos despreza, a mim despreza" (Lc 10,16); e mais: "quem não ouve a Igreja, seja tido por gentio e publicano" (Mt. 18,17).


Concluímos, através os capítulos deste estudo, que:
  • Pedro exerceu nos evangelhos um papel de destaque e liderança;
  • Pedro foi digno de ser chamado “o primeiro” dentre os apóstolos;
  • Pedro manifestou sua superior autoridade sobre as primeiras comunidades;
  • Pedro era o presidente das reuniões conciliares;
  • Pedro é reconhecido pelos apóstolos como sendo “aquele que confirma na fé”;
  • Pedro exercia sua jurisdição visitando e dirigindo as primeiras Igrejas;
  • Pedro foi o único apóstolo cujo nome foi mudado solenemente;
  • Pedro recebeu as Chaves do Reino dos céus;
  • Pedro foi o criador da Igreja de Roma (43 d.C.aprox.) e em Roma foi martirizado;
  • Pedro e seu primado são defendidos pelos primeiros cristãos;
  • Pedro é semelhante ao mordomo/primeiro-ministro da morada celeste;
  • Pedro recebeu da Pedra Angular que é Jesus o poder de ser fundamento da Igreja;
  • Pedro foi o primeiro papa da Sagrada Tradição Apostólica, da Igreja Católica.

Assim, tendo respondido aos ataques protestantes sobre o Primado de Pedro, fixemo-nos em Cristo Jesus e na sua Santa Madre Igreja Católica, defendendo sempre a admirável doutrina católica de todo ataque que venha maliciosamente pelejar contra a Verdade Cristã.